Resenhas

Gru – Welcome Sucker To Candyland

Gabi Lima resgata Rock Alternativo noventista e o Power Pop de forma divertida em disco produzido em parceria com John Ulhoa

Loading

Ano: 2013
Selo: Loop Discos
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Indie Rock, Power Pop
Duração: 32:00
Nota: 4.0
Produção: Gabi Lima e John Ulhoa

Gabi Lima chegou ao alto de seus 30 anos. Uma idade um tanto carregada em drama por uma parcela das mulheres que ao se verem como balzaquianas se desesperam com o que fazer dali em diante e podam os momentos de diversão para tentar encarnar o papel de adulto padrão. A mentora de Gru parece não se dar ao trabalho em encher a cabeça de problemas e lança Welcome Sucker To Candyland como um belo resgate da década de 90, um disco que transita entre o Pop e o Indie Rock que ressoava na época sem soar como um registro datado e chato.

Dando sequência a Kitchen Door, lançado em 2009, a compilação de dez faixas traz a cantora em sua melhor forma e cercada por uma estrutura bem menos caseira que antes. A arte em balas de goma coloridas, colagens de fotos e o título “ácido” em lápis de cor dão a dica de uma só vez do que esperar. Lima agora aproveita de sua experiência e a reverte mais uma vez em baladas românticas envolvidas por guitarras presentes do início ao fim. Os vocais doces da sulista agregam ainda mais nostalgia ao material, soando vezes com os timbres Alanis Morissete, mas como se tivesse sua própria boyband nos moldes de Hansons na fase MMMbop.

Se fosse lançado há 20 anos, o disco configuraria um apelo plenamente Pop e comercial já preparado para ganhar espaço em trilhas sonoras de series ou programas de TV. Agora, a carga vintage é quem comanda e promete aquecer o coração de fãs que buscam por novas produções em ritmo noventista. Associações a Dinosaur Jr. , Pavement e até mesmo o trabalho solo de J. Mascis são imprescindíveis, já que as cordas vem como instrumento-mestre quase na mesma intensidade para cada artista. The Maybees (que acabou tornando-se Ludov a longo prazo) e Pato Fu são as influências “prata-da-casa”, tanto é que John Ulhoa foi produtor junto a Lima, que vem como motivo de orgulho a seus antecessores brasileiros, elucidando de maneira fácil e rápida bons momentos de um Rock embebido em Power Pop.

Seja através das faixa-chiclete Sidecar e Boy In Love, ou versões desaceleradas nos duetos de Can’t Fool Me com Frank Jorge e The Sweetest junto a Chris Colbourn, a cantora recheia seu álbum com inúmeros hits que representam o lado menos vulnerável de toda uma década marcada por jovens de cabelo sujo, munidos de seus walkmens e skates de shapes amplos.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: J Mascis, Dinosaur Jr.
ARTISTA: Gru

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.