Resenhas

The Mars Volta – Noctourniquet

Mais acessível que seus antecessores, esse é um disco que traz uma nova cara à banda, com novos elementos (muitos deles eletrônicos) que deixam o virtuosismo de lado e entregam um álbum com uma sonoridade completamente nova

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Ano: 2012
Selo: Warner Bros
# Faixas: 13
Estilos: Experimental, Rock Psicodélico, Post-Rock, Prog-Rock
Duração: 60:00
Nota: 3.5
Livraria Cultura: 29508703

Pode soar estranho o que eu vou dizer agora, mas esse é o disco mais acessível da dupla Omar Rodríguez-López e Cedric Bixler-Zavala. Pra quem acompanha a banda e os trabalhos solos de Omar há um tempo sabe que essa mudança estava ocorrendo aos poucos e havia já alguns indícios nos trabalhos anteriores que apontavam para o que seria o Noctourniquet. O som realmente está bem diferente, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim.

Os fãs mais puristas do The Mars Volta repudiaram o disco por ele tirar vários elementos que estavam presentes nos outros álbuns, como a percussão latina e as guitarras sendo o centro das atenções, e adicionar muitos elementos eletrônicos. Mas isso já estava pra acontecer a qualquer ponto da carreira deles e, mesmo com tantas mudanças, a dupla criativa consegue elaborar um novo disco com um frescor que eles estavam devendo em seus últimos lançamentos.

A banda, que não lançava nada desde Ochtaedron (2009), fez essa parada de três anos exatamente para trazer esse novo fôlego às composições. Esse foi o intervalo mais longo entre os discos do grupo, que geralmente mantém um intervalo de dois anos entre os lançamentos. A técnica de sempre continua bem presente nesse álbum e as guitarras de Omar continuam impecáveis, já o virtuosismo dos outros trabalhos parece ter sido deixado de lado e esses espaços são preenchidos por elementos eletrônicos.

Com tudo isso, o álbum soa mais com um At The Drive In psicodélico, evidenciado em Dyslexicon. A banda tem um som mais cru e mais direto, mais objetivo. Assim como a capa já sugere, o The Mars Volta parece ter encontrado uma compreensão do todo, do espaço, do infinito, levando a sonoridade da banda para campos que até então não tinham passeado. Mesmo assim, ele ainda soa meio engessado, como se estivessem em recuperação de algo que quebrou há um tempo.

The Whip Hand abre o disco mostrando tudo isso, cheio de elementos eletrônicos que conseguem trazer um peso diferente do das guitarras à música. A etérea Empty Vessels Make The Loudest Sound perde esse clima obscuro e com sua bateria processada traz belas batidas reverberantes que dão um ótimo acompanhamento pra guitarra simples e calma de Omar.

O primeiro single a ser liberado foi The Malkin Jewel, com baterias incomuns (mesmo pra eles), e já trazia muitas das mudanças que podemos ver durante as treze faixas. Ganhando destaque mais uma vez pelo clima mais ameno, Imago traz uma bela mistura dos elementos eletrônicos com a voz de Cedric. Bebendo do mais clássico Hard Rock dos anos 70, Molochwalker traz uma carga muito grande de Led Zeppelin em seus riffs pesados.

A canção que dá ao nome ao disco é uma das mais interessantes e consegue também se fundir perfeitamente com a guitarra de Omar e a voz sofrida de Cedric abusando muito dos tais elementos eletrônicos. Zed And Two Naughts fecha o disco e traz um pouco do som que a banda fez em álbuns anteriores – pros fãs mais xiitas, essa pode ser a única que se salva do disco.

O melhor é que a cada audição o disco nos apresenta novos elementos, e isso é que mais encanta a respeito dessa nova fase do The Mars Volta. Mesmo cortando as gordurinhas dos discos anteriores, ele continua sendo trazendo o som expansivo pelo qual a banda se tornou conhecida.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts