Resenhas

Lloyd Cole – Standards

O pouco conhecido mas ótimo roqueiro britânico lança mais um bom álbum de Pop-Rock acompanhado por sua bela voz e influências diversas

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Ano: 2013
Selo: Tapete Records
# Faixas: 11
Estilos: Pop-Rock, Rock, Folk Rock
Nota: 4.5
SoundCloud: /tracks/2F86916175

Uma das maiores injustiças do Rock é a não-fama de um sujeito como Lloyd Cole e o superestrelato de gente como Morrissey ou Robert Smith. Cole sempre foi mais articulado, sutil e pungente que seus dois colegas de geração, foi capaz de gravar um disco clássico à frente de sua banda – The Commotions – em 1984, chamado Rattlesnakes, no qual sintetizava com brilhantismo toda a forma de pensar e agir daquela geração que dava as caras no início dos anos 80. Além disso, soube ser discreto e não se aproveitou dos holofotes da fama indie para fazer auto-promoção ou se lamuriar aqui e ali. Resultado? Discos ótimos mas desconhecidos. Singles raros mas dourados. Sumiço e aquela terrível sensação de “has been”.

Cole manteve-se ativo todo este tempo. Rompeu com os Commotions no fim dos anos 80, empreendeu uma carreira solo elegantíssima, capaz de discos como Love Story (1995), que trazia uma das mais belas canções dos anos 90, Baby, além de outros trabalhos como Don’t Get Weird On Me Baby (1991) ou Bad Vibes (1993). Entrou com o pé direito nos anos 2000, liderando uma nova banda, The Negatives e manteve-se vivo, sempre nas sombras do semi-anonimato. Ao longo do tempo ergueu uma base de fãs dedicados o suficiente para acompanhá-lo e até bancar novos discos, caso de Broken Record, lançado em 2010, cheio de influências de bandas sessentistas, entre elas, The Byrds, responsável pela guitarra jingle jangle que Cole traz desde sempre em suas canções. Menos de um ano depois, lá estava Cole realizando um feito ímpar para sua geração de músicos: gravou um disco com Hans Joachin Roedelius, um dos fundadores do Krautrock e, por conseguinte, da Ambient Music. O veterano mago alemão empresta sua presença astral para dividir Selected Studies vol.1, um disco que poucos ouviram e que deveriam correr atrás imediatamente.

No início deste ano, Cole terminou de gravar este novo disco, Standards . É o trabalho que fãs aguardavam desde meados dos anos 80, ou seja, Cole fazendo o que sabe melhor: Pop Rock guitarreiro cheio de referências, letras astutas e entoadas por sua imaculada voz – intacta após todos esses anos. É possível conectá-lo a obras como Rattlesnakes ou Easy Pieces, além de trazer aquela aura de Commotions que é tão difícil de ser reproduzida sem a presença dos próprios. O começo já surpreende por trazer uma versão para California Earthquake, do trovador Folk americano John Hartford. O instrumental seguro proporciona um invólucro Rock acima de qualquer suspeita, fundindo anos 80 ingleses com algo que poderia ser erigido por Tom Petty And The Heartbreakers. O maior exemplo disso é Period Place, mas outras grandes canções aparecem como a climática Myrtle And Rose, a folkie No Truck, a levemente glam Blue Like Mars e a melhor de Standards, Opposites Day, cheia de guitarras e ganchos para cantarolar no chuveiro.

A obra de Lloyd Cole é um manancial de surpresas. Saia da mesmice e reencontre este velho desconhecido. Ou, melhor, este amigo de tanto tempo. A música do sujeito é atemporal e está viva.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Smiths, Bob Dylan, Paul Weller
ARTISTA: Lloyd Cole
MARCADORES: Folk Rock, Ouça, Pop Rock, Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.