O Bloc Party é daquelas bandas que se tivesse utilizado melhor as suas virtudes poderia ter sido muito maior do que é atualmente. De certa forma, devido a personalidade um pouco conturbada do seu líder, o talentoso Kele Okereke,o grupo poderia ter dominado o mundo Indie facilmente. Donos de um som que pra 2004 era considerado inovador, Indie Rock com uma pegada rápida e vistosa mas ainda com espaço pra toques mais eletrônicos prontos pra pistas dança, a trupe de Kele surgiu da mesma forma que desapareceu a ponto de ser pouco lembrada posteriormente.
Seja devido a um segundo disco médio e um terceiro ruim, ou por constantes papelões de Kele em shows como o feito em 2008 no Planeta Terra em que o vocalista parecia estar zoando com a cara de todos os presentes e demonstrando total falta de profissionalismo, ou pelos términos e voltas como um relacionamento problemático, o Bloc Party conseguiu renascer ano passado com o bom Four. Quando a banda parecia que estava voltando aos eixos e se dedicando somente a música, um novo hiato surge e com ele The Nextwave Sessions ,um curto e bom EP.
Ao longo de cinco faixas vimos o porquê do grupo ter sido capaz de alcançar voos mais altos do que efetivamente atingiu. A capacidade de construir ótimas músicas dançantes continua aqui com Ratchet, faixa que denuncia uma ótima capacidade de canto de Kele. Sua voz é pegajosa mas ao mesmo tempo estimulante, como um astro Pop pede. Os toques eletrônicos e sinceros das já conhecidas baladas do grupo são vistas na calma Obscene e na melancólica Montreal.
O melhor momento fica com French Exit que lembra o melhor de Silent Alarm mas aplicado aos tempos atuais, em que rapidez vira levada e que os riffs de guitarra são trocados por um bem colocado sintetizador. Children of The Future é uma abertura para o passado também, e nos dá esperanças que talvez o hiato transforme a banda em algo ainda mais interessante. Não vejo como um término mas sim um novo começo para o Bloc Party. No entanto, só o tempo vai dizer se os indicadores deste EP serão realizados no futuro ou não. Por a cabeça no lugar e lembrar das coisas com mais clareza talvez seja a resposta para que o grupo volte um dia a tocar junto, enquanto isso fique longe da melancolia e curta estas belas sessões.