Resenhas

Xiu Xiu – Always

Nem todos os públicos gostam de música experimental, mas nem todos os artistas e bandas conseguem arriscar em seu som e, ainda assim, criar obras sólidas dentro dos seus conceitos. Este é um bom exemplo de álbum que conseguiu isso

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Ano: 2012
Selo: Polyvinyl
# Faixas: 12
Estilos: Experimental, Art Rock, Rock Experimental
Duração: 37:46
Nota: 3.0
Produção: Greg Saunier e Xiu Xiu

Olha, vamos ser francos: Música experimental não é para todos. Enquanto muitos podem usar uma frase dessas como algum fator excludente (e muito pedante) para diferenciar a si mesmo ou algum músico, me refiro aqui ao ato de criar composições dentro do experimentalismo, um processo de tentativa com acertos e erros. Não é qualquer um que consegue se manter fiel a uma estética tão arriscada e, sim, com um público pequeno.

É o caso da Xiu Xiu (pronuncia-se “chuchu”)(que quer dizer “sapato” em chinês), projeto do músico Jamie Stewart que chega ao seu 11º álbum com uma carreira já consolidada com essas experiências. Always é um disco com algumas boas músicas e algumas boas experiências – faixas que não são necessariamente agradáveis, mas valem como tentativa de criar algo interessante com elementos que não costumam dar muito certo juntos.

A maior parte delas não deve assustar quem já está acostumado pelo menos com um pouco de inventividade na música. Joey’s Song e Beauty Townie bebem na fonte da New Wave e, junto da abertura com Hi, servem quase como pequenos presentes para os ouvidos que enfrentarão o álbum inteiro – não é à toa que esse trio aparece ali no comecinho. A quarta faixa, Honey Suckle, começa com a desafinação vocal de Angela e, a partir daí, o disco começa a ficar complicado tanto para quem ouve, quanto para quem o fez.

Afinal, tentar deixar uma música chamada I Love Abortion interessante não é das tarefas mais simples. Com grande agressividade, seus dois minutos e meio chegam a parecer mais longos com todos os seus ruídos. Ela é seguida de The Oldness, predominantemente voz e piano – e, quem diria, isso chega a espantar no contexto.

As próximas faixas continuam a mesma esquizofrenia que já sentimos até agora, com sons nem sempre muito difíceis de ouvir, mas que não devem agradar muitos, mesmo com Smear the Queen e Gul Mudin, ambas com uma sonoridade meio Indie Rock que é até bacana. A conclusão com Black Drum Machine nos relembra do experimentalismo na alma da obra e o disco termina com aquele estranhamento que a maior parte dos artistas sob esse estilo costuma trabalhar.

Não é qualquer banda ou artista que consegue fazer um álbum de música experimental com algumas composições agradáveis e não assustadoras sem perder seu caráter inventivo. Nem todo mundo vai gostar de Always porque ele não é um disco para ser gostado, mas uma boa tentativa artística – e, como toda experiência, nem sempre acerta, mas valeu a pena tentar.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.