Resenhas

Dirtbombs – Ooey Gooey Chewy Ka-Booey

Novo disco do grupo se mostra como um manual bem quadrado de como fazer músicas do gênero Bubblegum

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Ano: 2013
Selo: In The Red
# Faixas: 10
Estilos: Garage, Indie Rock
Duração: 29:41
Nota: 3.0
Produção: Mick Collins

Dirtbombs é uma banda curiosa. Nascido em 1992 como uma garage band, influência principal de seu fundador, Mick Collins, que era líder dos Gories, uma formação de Punk Garageiro em Detroit, eles sempre se caracterizaram por uma, digamos, volatilidade de estilos musicais, a cada álbum que faziam. A ideia de Collins era fazer da banda uma pequena e bem azeitada máquina de lançar singles, e assim foi no início das atividades.

Em 1998, Collins foi convencido pelo selo In The Red, de Los Angeles, a gravar um disco como Dirtbombs. Para a empreitada ele recrutou seus companheiros Ko Melina (guitarra), Ben Blackwell e Pat Patano (ambos na bateria), além do produtor e baixista Jim Diamond (não confundir com o cantor responsável pela abominável “I Should Have Known Better”, conhecida também como “Chame O Bombeiro” ou “Melô da Dor”). Com essa formação a banda registrou Homdog Fest, mesclando rock garageiro com punk garagista mais pesado. Saltaram aos ouvidos I Can’t Stop Thinking About It, Granny’s Little Chicken e Shake Shivaree e, mesmo com relativo sucesso na região de Detroit, a banda retornou à sua condição “single oriented”, chegando a gravar com The White Stripes em 2000.

No seguinte, no entanto, Dirtbombs reapareceria em disco com Ultraglide In Black, uma coleção de covers de standards do R&B primitivo e da Motown. Destacou-se a versão incendiária para Got To Give It Up, de Marvin Gaye, e a banda foi logo inserida no Revival Rock’n’Soul’n’Garage que se empreendia na época. Em 2003 veio outro disco, Dangerous Magical Mouse, mais Pop, com temática alterada na última hora, uma vez que Collins pretendia lançar um disco apenas com canções bubblegum/powerpop. Aliás, este desejo só foi realizado agora, com o lançamento de Ooey Gooey. A banda postergaria ainda sua realização por outras vezes nos anos 2000.

O que se ouve, dada a característica mutante de Dirtbombs é um mero exercício de estilo. A ideia de Collins é revisitar a estética sonora do início da década de 70, misturando Powerpop e refrãos assoviáveis em pequenas composições próprias, já que ele deixou a ideia de fazer versões de sucessos do estilo de lado. Canções como Jump And Salt ou Hey Cookie! têm balanço e a guitarra malvadona de Collins, espécie de marca registrada da banda, aparece sempre que possível, mesmo assim, o tom do disco é falso e premeditado. O arranjo de Sugar On Top, cheio de percussões irritantes prejudica a canção, enquanto Sunshine Girl acaba falhando no mais importante: refrão. A impressão que temos é que Collins estudou uma cartilha de como fazer canções e discos de Bubblegum e a levou ao pé da letra, sobrando pouco espaço para qualquer manifestação de personalidade. A banda, no entanto, segura a onda e as boas intenções salvam o disco de destino pior. Melhor ir aos originais, conhecendo/ouvindo Archies, Monkees, Raspeberries, entre outros arquitetos dessa sonoridade.

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ARTISTA: The Dirtbombs
MARCADORES: Garage Rock, Indie Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.