Resenhas

Arctic Monkeys – AM

Quinto disco do quarteto representa mais uma mudança na direção de sua sonoridade, desta vez usando referências dos anos 70 e 80 para criar uma obra dançante e divertida

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Ano: 2013
Selo: Domino Records
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Rock & Roll
Duração: 41:43
Nota: 3.5
Produção: James Ford, Ross Orton
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fam%2Fid689028625%3Fu

Desde sua estreia em 2006 (ou mesmo antes disso) o quarteto mais famoso de Sheffiled, o Arctic Monkeys, mudou bastante sua sonoridade e isso passou a ser sua principal característica, mais do que qualquer aspecto sonoro. Chegando agora ao seu quinto disco, pode-se dizer que o grupo já teve o mesmo número de fases, cada uma delas abraçando alguma característica bem definida. E entre os fãs não há unanimidade sobre qual delas é a melhor. Alguns preferem o teor mais juvenil de Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not ou Favourite Worst Nightmare, outros a sombriedade e abrasividade de Humbug, enquanto outros preferem o teor mais Pop de Suck It And See.

Em AM o grupo embarca em mais uma de suas fases, uma mais dançante, mas não necessariamente orientada às pistas. Com grandes doses do R&B, Blues Rock, Soul, Rock Psicodélico e até mesmo o Hip Hop, os músicos abrem um leque de novas possibilidades ao seu som. Essa mistura pode ser percebida desde a abertura com Do I Wanna Know?, em que há um grande senso de suingue nas batidas e harmonias. Uma daquelas faixas que vão te colocar para dançar, nem que seja para ensaiar passinhos tímidos de um lado para o outro.

Na sequência a música chave de toda a obra: R U Mine?. Mostrada ao público ainda em 2012, essa é faixa que guia a vibe de AM e é também o principal condutor da lírica, quase sempre cheia de libido e tentação, deste novo álbum. Em varias entrevistas concedidas ao longo da gravação e finalização do álbum, o quarteto bateu nesta tecla, dizendo o disco seguiria esse rumo apontado pela canção e o faz categoricamente, gerando assim o maior problema de AM: grande parte das músicas demasiadamente derivadas de R U Mine?.

Continuando na sequência do álbum, One For the Road é mais uma dessas duplicatas de R U Mine? ou Do I Wanna Know? e não apresentam grande novidade a quem teve algum contato esses singles. Arabella, por sua vez, emprega essa mesma sonoridade, porém a direciona ao Rock setentista de bandas como Sir Lord Baltimore, Black Sabbath ou outros precursores do Heavy Metal (época altamente influenciada pelo Blues Rock). Dançante e cheia testosterona, a faixa parece resultar do encontro do Stoner Rock com o R&B. Neste mesmo clima nasce I Want It All*, que cresce com uma bateria simplória, alguns riffs bem pegajosos, uma linha de baixo bem consistente e o melhor vocal de todo o álbum (ou pelo menos o que Alex Turner sai de sua zona de conforto).

AM não seria um disco do Arctic Monkeys sem ter pelo menos uma baladinha e aqui elas aparecem em uma dobradinha. No. 1 Party Anthem e Mad Sounds baixam o clima roqueiro que o álbum vinha seguindo até então, mas ainda assim mantém seu quê dançante. A primeira se parece bastante com as faixas da trilha sonora de Submarine, com certa aproximação ao Soul. Esse teor Soul também aparece na segunda canção, que ainda apresenta algumas semelhanças com faixas Gospel, principalmente em seu tom comunal, algo que você se veria cantando os “uh lah lahs”, que acompanham as letras, em coro.

Com suas batidas simples, Fireside recupera o clima dançante, impulsionada pelo single Why’d You Only Call Me When You’re High? e mantido pelas faixas Snap Out of It e Knee Socks (esta segunda com o backing vocal de Josh Homme), mais uma vez provando esse caminho influenciado por ritmos bem marcados e arquitetados às pistas de dança. Pegajosas e divertidas, as músicas cumprem seu papel, porém sem acrescentar muito ao o que o disco já apresentava então. I Wanna Be Yours fecha AM com mais uma baladinha, esta inspirada no poema de mesmo nome de John Cooper Clarke. As primeiras estrofes de ambas são exatamente as mesmas, porém a canção de Turner e companhia seguem por outros caminhos que não os do poema, porém trilhando a proposta dele.

O tão hypado disco não decepciona, mas também não justifica todo o falatório. AM soa para mim como mais uma obra que escava os anos 70 e 80 atrás de novas inspirações e em algumas entrevistas a banda chegou a dizer que esse era um álbum bem diferente de tudo o que estava acontecendo no Rock & Roll feito nos últimos anos, mas buscar referências antigas e adaptá-las à sons mais modernos não necessariamente faz um disco bom ou diferente, ainda mais em um ano que ouvimos a estreia do Foxygen.

AM é sem dúvida um disco acima da média (com alguns singles e faixas muito boas), mas nada de tão diferente do que tem acontecido nos últimos anos. Para o grupo, apresenta mais uma mudança em uma carreira repleta delas, ou seja, mais uma vez nada de diferente ou tão inovador.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts