Resenhas

Bixiga 70 – Bixiga 70

Novo disco da banda é fonte garantida de diversão e dança, adicionando alguns elementos novas ao seu já conhecido som

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Ano: 2013
# Faixas: 9
Estilos: Afrobeat
Duração: 42:46
Nota: 4.0
Produção: Bixiga 70

Eis que o Bixiga 70 retorna ao disco. Já se vão dois anos desde que o combo paulistano debutou, justamente com um álbum que também levava simplesmente seu nome. A alusão deslvada à banda do nigeriano Fela Kuti, Afrika 70 (inicialmente Nigeria 70) dava a pista para a sonoridade que os dez integrantes do Bixiga estavam dispostos a oferecer: o Afrobeat.

É fato que reduzir a estreia da banda a uma mera revisita do Afrobeat – ritmo criado no continente negro através da mistura de sonoridades locais como o highlife com o Jazz e o Funk americanos – que, mesmo bastante amplo em sua origem, não dá conta do que os ambiciosos sujeitos estavam oferecendo. Havia pequenos e preciosos acenos a algumas brasileirices, que ficavam numa espécie de subtexto musical, tudo muito sutil e en passant. Com dez integrantes, oriundos de formações distintas e atuando em vários projetos ao mesmo tempo, não espanta que este novo trabalho reflita a pluralidade sonora da banda de uma forma ainda mais acentuada.

Mesmo assim, tudo começa novamente tendo a África como ponto de partida, mais especificamente a velha Nigéria de Fela Kuti, mas a coisa se espalha pelos arredores, respingando na África Francesa, viajando pelo Atlântico e seguindo a rota dos laços de afinidade na América. É quase como se mapeássemos uma trajetória de negros indo em direção ao Novo Mundo em forma de música. Além disso, os chamados “ritmos da diáspora”, surgidos na interseção dos negros com habitantes da América e europeus de passagem, gerou muita informação sob os traços do dub, Jazz, Samba, obras de excêntricos como o velho maestro Moacir Santos e mesmo os afro-sambas de Vinícius de Moraes e Baden Powell. Tudo está, de alguma forma, conectado e vivo. Impressionante ver que o Bixiga 70 é capaz de captar toda essa carga e fazer música que soa autêntica e novidadeira.

Nesses termos, é possível já detectar uma levada caribenha/carimbó em Kalimba, que é capaz de fazer uma pilastra sair dançando por aí, bem como se deliciar com os berimbaus do início de “5 Esquinas” ou a levada eletrônica-meio-orgânica de Kriptonita. O novo disco de Bixiga 70 é fonte garantida de diversão e balanço. É quase um caleidoscópio de nuances, todas unidas com a intenção de causar movimento corporal. Convém não resistir.

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ARTISTA: Bixiga 70
MARCADORES: Afrobeat, Ouça

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.