Resenhas

Criolo – Nó na Orelha

Passeando por diversos gêneros, rapper paulistano consagra-se entre os grandes nomes da música nacional contemporânea em disco apontado por muitos, da crítica e do público, como o melhor de 2011

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Ano: 2011
Selo: Oloko Records
# Faixas: 10
Estilos: Rap, Soul, Dub
Duração: 38:52
Nota: 5.0
Produção: Daniel Gajaman e Marcelo Cabral
Livraria Cultura: 22567921

Em 2011, vimos um boom do rap novamente, mas uma safra diferente, com letras que não apenas saíam do mundo do crime e violência. Liderando esse movimento, tem-se Kleber Cavalcante, vulgo Criolo, que lançou seu novo disco Nó Na Orelha.

Criador da Rinha dos Mc’s em 2006, Criolo reuniu e deu abertura e oportunidade para MCs e para si mesmo. De lá, saíram Emicida, Projota e Kamau, entre outros. Neste mesmo ano, aos trancos e barrancos, ele lançou seu primeiro álbum, Ainda Há Tempo, que tem uma pegada, muito mais voltada ao rap e letras do cotidiano, diferente deste novo disco. Nó Na Orelha revelou um outro lado do cantor, com influências completamente distintas, desde o já apresentado rap, passando pelo dub, e chegando até o bolero.

Na primeira faixa, Bogotá, já somos surpreendidos com uma nova cara, mais voltada para o soul e a música negra, muito rítmica e recheada de percussão. Podemos também notar a troca do DJ por uma banda, o que nem sempre acontece ao vivo, mas no disco foi assim. Em seguida vem a primeira música de trabalho do disco, Subirusdoistuizin, com um suingue de alto nível e arranjos ótimos. Ela já é um clássico do rap nacional, com um videoclipe que rendeu também um curta-metragem. A terceira faixa, Não Existe Amor Em SP, é um recado para a cidade, com arranjos profundos e uma roupagem mais voltada ao dub, quase um lamento sertanejo paulistano. Mariô é um rap com a cara desse novo disco, com arranjos muito característicos da música negra, que não deixam você ficar parado. A quinta faixa, que mostra a maravilhosa diversidade deste disco, é Freguês Da Meia Noite, quase um bolero e nova música de trabalho deste disco. Grajauex é um rap bem caracterizado, com samples e scratches, dedicado ao bairro no qual Criolo cresceu e mora até hoje na região sul de São Paulo, o Grajaú.

Apesar do nome, a faixa Samba Sambei é um dub, com uma cara bem de ska, devido aos riffs de metais. Se encaminhando ao final do disco, a antepenúltima faixa Sucrilhos é um rap e, como o próprio criolo diz “cantar rap nunca foi pra homem fraco”, a letra remete ao tradicional rap, a sociedade e o dia a dia. Lion Man é uma homenagem aos artistas independentes em forma de rap, com um refrão forte daqueles que todo mundo canta junto no show e arrepia. Por fim, Linha De Frente é um samba de roda – para todos cantarem juntos – sobre a inocência, que cada dia mais cedo é tirada das crianças.

Ao final, é carimbado o rap novamente nas paradas brasileiras e lotando casas de shows por todo o brasil. Com uma cara “nova”, porém com as mesmas raízes, eles dois (o rap e o Criolo) estão sendo premiados a todo momento, tanto com prêmios propriamente ditos, quanto também com novas audiências e oportunidades.

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BOM PARA QUEM OUVE: Toro y Moi, Wado, Gorillaz
ARTISTA: Criolo
MARCADORES: Dub, Ouça, Rap, Soul

Autor:

Vegetariano, rabugento, ouvindo e fazendo música