Resenhas

Sky Ferreira – Night Time, My Time

Pop eletrônico e influências do New Wave recheiam registro confessional e particular da inquieta cantora

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Ano: 2013
Selo: Capitol
# Faixas: 12
Estilos: Pop Alternativo, Electro Pop, New Wave, Indie Rock
Duração: 46:15
Nota: 3.5
Produção: Ariel Rechtshaid, Justin Raisen
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fus%2Falbum%2Fnight-time-my-time%2

Sky começou cedo e sempre foi cercada por uma rotina mais envolvida com os holofotes do que o comum. Seja convivendo ocasionalmente com Michael Jackson graças a sua avó que trabalhava para ele ou então pelas responsabilidades surgirem desde cedo, como assinar contrato com o grande selo Parlophone em plenos 17 anos, a jovem se viu ofuscada e sem muito repertório para poder rumar uma carreira musical tão cedo – tinha apenas algumas canções no Myspace e a “sorte de estar próxima aos nomes certos”.

Segundo a própria em recente entrevista, seu vínculo com o atual selo, Capitol, já vem há longo prazo e aproximadamente 400 canções foram compostas com os pitacos e decisões finais dos vários produtores que tentaram a transformar em mais um produto do Pop radiofônico fácil. Sem resultado, abriu-se espaço para o instinto e Ferreira resolveu pegar o trabalho pelos chifres e dar sua cara para ele. Como a maioria das músicas de Night Time, My Time foram escritas no período dos últimos quase 2 anos, a cantora assume que sua rotina passada e que permeia seu disco atual não é das mais emocionantes, embora traga temas de codependência, abuso e arrependimentos.

Entre pontas como modelo pelos seus traços exóticos e problemas pessoais extremamente explorados pela mídia é que Sky Ferreira encontra-se em seu eixo, a sua maneira, e não faz feio no seu material de estreia. Tendo surpreendido em seu EP Ghost pela flexibilidade entre variados estilos, Sky optou pela vertente mais eletrônica e Indie Rock, como foi visto nas faixas Red Lips e Everyhting Is Embarassing. A semelhança ao nome Charli XCX por todo registro não é uma coincidência tão óbvia, já que os produtores Ariel Rechtshaid e Justin Raisen também foram os cuidadores de True Romance.

Embora o álbum esteja cercado de todas as maneiras pelo gênero Pop, a cantora consegue transportar seus ouvintes para diferentes patamares no decorrer das canções – Omanko e Boys respiram dentro de uma atmosfera mais rocker, variando entre momentos mais próximos ao New Wave, como nos hits Nobody Asked Me (If I Was Okay), I Will e Heavy Metal Heart; associações a Robyn e Tegan and Sara em obras românticas embebidas por sintetizadores podem ser lembradas rapidamente em músicas como Love In Stereo e I Blame Myself; além da faixa título que amarra o conteúdo recheada de momentos extremamentes obscuros, levando em conta o que já foi apresentado – Mas que aqui orgulharia e agradaria artistas ao nível de Chelsea Wolfe, El Perro Del Mar e Julia Holter.

Ao mesmo tempo em que veste a carapuça de vítima da fama precoce, Sky mostra os peitos na capa do disco, chora em shows mostrando sinais de fragilidade, fala sem pudor ou muita enrolação sobre seus problemas e assume até os julgamentos vazios que poderia ter evitado e que lhe penduram no pescoço como uma medalha de honra ao mérito, tudo isso ao virar dos 21 anos.

Apesar de My Night, My Time estar imerso no Pop, a pré-concepção de que essa vertente é fácil de engolir cai aqui por terra. Aos admiradores por novidades no estilo, vale insistir nas audições periódicas e dosadas, já que sua “digestão” vem em ritmo mais tranquilo – ele é um reflexo pleno de sua mentora, que também não veio e nem pretende ser o prato principal da festa.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.