Resenhas

10,000 Maniacs – Music From The Motion Picture

Novo disco do grupo serve como prova viva de que ainda produz músicas interessantes, em um disco bem produzido e coeso

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Ano: 2013
Selo: Original Recordings Group
# Faixas: 11
Estilos: Rock, Folk, Pop
Duração: 47:24
Nota: 3.5
Produção: 1000 Maniacs

Um conhecedor casual da música do 10,000 Maniacs jamais diria que este é o primeiro disco que a banda lança em 14 anos. Muita água passou sob a ponte, algumas bem turbulentas, trazendo a morte do guitarrista fundador Robert Buck em 2000 ou a partida do outro guitarrista, John Lombardo, em 2002. O que é admirável é que o quinteto ainda encontra forças para soar arejado, produzindo canções que parecem suspensas no tempo. O auge do grupo foi na década de 1990, culminando com o lançamento do Unplugged MTV em 1993, até hoje seu maior sucesso, mas que foi uma consequência natural de discos muito legais, como Our Time In Eden (1992) e, principalmente, Blind Man’s Zoo (1990). Logo em seguida, em 1994, a vocalista Natalie Merchant, que havia se tornado a cara da banda, partiu para a carreira solo, deixando os Maniacs com um grande problema.

Em seu lugar, entrou Mary Hansen, que tem um timbre vocal semelhante, mas incapaz de igualar Natalie nas composições. Seu primeiro disco com a banda foi Love Among Ruins, de 1997. Dois anos depois, surgiu Earth Pressed Flat e o hiato que se encerra agora. O que 10,000 Maniacs consegue produzir em 2013 segue a mesma linha Folk Pop de outros tempos, de uma forma que vai fazer a delícia de velhos fãs dos anos 90, uma vez que talvez pouca gente além deles seja capaz de reconhecer valor em canções com zero de inventividade ou sintonia com qualquer forma de modernidade. É o que poderíamos chamar de “comfort music”, aquele tipo de canção que vai fazer companhia em dias chuvosos, talvez lembre de alguém querido ou que sirva para preencher o tocador de mp3 num passeio por algum lugar que não se visita há tempos. A presença do trio de fundadores da banda, o baterista Jeff Augustyniak, o tecladista Dennis Drew e o baixista Steve Gustafson, além do guitarrista Jeff Erickson, integrante desde 2002, confere o selo de autenticidade à empreitada.

Nesse clima plácido e bonitinho, temos Triangles, When We Walked On Clouds e o simpático semi-Reggae de It’s A Beautiful Life, que pega emprestada a melodia de Love Is The Seventh Wave, de Sting e a leva pra passear pelas alamedas de uma cidade cheia de folhas vermelhas do outono pelo chão. Mary Hansen canta bonito, sua voz parece mais adaptada e desenvolta, a banda mantém o nível musical acima de qualquer suspeita e tudo parece contribuir para a criação de uma bolha temporal, que manterá o ouvinte imerso num modo de contemplação. Em algumas horas, tudo que se quer é que a música faça esse efeito em nós. Esse disco é uma boa prova de que a banda é viável e pode produzir música interessante.

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MARCADORES: Folk, Pop, Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.