Resenhas

Pixies – EP2

Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 4
Estilos: Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 15:23
Nota: 2.5
Produção: Gil Norton

Tratar de um novo lançamento de um dos maiores ícones do Indie é sempre uma questão complicada. É difícil analisá-lo de um ponto de vista completamente focado no disco em si, uma vez que o passado forte e histórico da banda sempre fica em destaque. Enfrentamos esse desafio com a divulgação do segundo de uma série de EPs que marca o retorno de uma produção de inéditas do Pixies. Não vamos perder tempo analisando a repercussão que a saída de Kim Deal pode ter influenciado nessa nova sonoridade, uma vez que já abordamos este assunto na resenha de EP1. Vamos (tentar) focar na análise de EP2 por si e o que ele representa na obra do quarteto.

Do som mais etéreo e viajado do primeiro EP, já sentimos a diferença para este segundo logo na faixa de abertura, intitulada Blue Eyed Hexe. Uma guitarra suja já dá o tom mais agressivo, podendo remeter até aos primeiros e clássicos discos da banda. Porém, após a entrada da bateria, notamos que era apenas um falso alarme de nostalgia, uma vez que a faixa toma um caminho mais Hard Rock do que o esperado, se assimilando até mesmo a composições do quinteto australiano AC/DC (uma referência inusitada). O que se salva da música é sua letra, que, segundo Black Francis, conta a história de uma bruxa de olhos azuis e que tem a habilidade de trocar de formas. Uma parcela do fantástico imaginário de Francis que possui uma distorção em sua instrumentação.

Magdalena expõe uma interessante letra também, mas o que chama a atenção é mais a experimentação dos efeitos de guitarra, ao contrário dos comuns e característcos Fuzz e Distorção que tornaram solos de músicas como Hey, I Bleed e Where Is My Mind? tão famosos. Snakes é a faixa que mais se aproxima do histórico da banda. Embora com vocais mais suaves, a música lembra o antigo Pixies no sentido que propõe riffs mais tensos e um pouco mais “drogados” (Kim Deal que me perdoe). Num contexto geral, parece que essa é a única ponte com a fase de ouro da banda e, que talvez tenha sido colocada para agradar os fãs da respectiva fase.

Greens And Blues é uma faixa que causa certa polêmica devido a um recentemente pronunciamento de Black Francis. O músico disse que a intenção era criar um Gigantic (faixa do disco Surfer Rosa, de 1988) melhor do ponto de vista instrumental, lírico e psicológico. Ainda que seja válida a intenção de revisitar sua obra, Francis não teve tanto cuidado, tornando a faixa um tanto Pop (o que se configura como estranho, uma vez que a banda se mostrava completamente a favor da produção Lo-Fi e Indie). A banda ainda busca referências nos 90, porém menos no Undergound e mais nos hits.

Pixies se mostra como a própria metáfora exposta em Blue Eyed Hexe: a de “uma bruxa que muda de forma”. Ainda que seja impressionante tal talento, é preciso tomar cuidado para saber no que se transformar. Não é um registro tão necessário para o conhecimento obra do quarteto, apenas uma sonoridade que ignora o histórico da banda. Uma escutada basta.

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BOM PARA QUEM OUVE: Sebadoh, The Breeders, Pavement
ARTISTA: Pixies

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique