Placebo – Citybank Hall, São Paulo, SP

Apresentação do trio traduz e amplifica as diversas mensagens que os discos querem comunicar

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Fotos: Reprodução: Rodrigo Capote/UOL
Nota: 4.5

A paixão por uma banda pode ultrapassar várias barreiras – casos de fanatismo e colecionadores costumam vir à mente do leitor quando citada esta obsessão. Porém, o que me impressiona cada vez mais é a disposição e as condições adversas que os fãs enfrentam para ver sua banda favorita. Tempestades, distrância ou horas no trânsito e na fila parecem ser algo irrelevante quando o assunto é passar pouco mais de um hora vendo aquele seu artista predileto. Ontem, um novo capítulo desta história foi escrito: nem a segunda-feira, nem o frio, nem nada foi capaz de juntar uma mutidão para ver a apresentação de Placebo em São Paulo.

A banda desembarcou no país para a divulgação de seu disco Loud Like Love, sendo que este propósito foi levado bastante a sério, uma vez que o setlist desta apresentação teve uma notável predileção pelo novo trabalho do trio. Faixas como Too Many Friends, A Million Little Pieces e Loud Like Love (que contou com uma manifestação dos fãs, que levantaram plaquinhas escritas “We Are Loud Like Love”) não ficaram de fora para a promoção do novo trabalho. Porém, composições clássicas como The Bitter End, Speak In Tongues, Every You Every Me e Special K não ficaram de fora, fato que levou alguns fãs nostálgicos a derramarem algumas lágrimas.

A qualidade de som estava bem satisfatória, mas o que chamou mais atenção (ou o que complementou o aspecto sonoro do show) foi a preocupação visual com as projeções e iluminação do show. Cada música possuía um sentimento próprio, que era orientado pelas diferentes matizes e projeções, que ora mostravam apenas texturas e alucinações em forma e cores, ora projetavam os músicos tocando ao vivo, porém ilustradas com sobreposições lisérgicas. Como se sabe, a arte sempre esteve aliada às propostas conceituais de Placebo, seja no gráfico, na moda ou na fotografia. Logo, ver um show da banda é mais do que simplesmente escutar suas músicas. É sentir este misto de depressão, liberdade, melancolia e euforia; tudo isso envolto de uma experiência artística bem interessante e completa.

Talvez desta proposta venha a menor participação da posição de frontman na banda. Brian não é exatamente um modelo de interação com o público e, justamente por isto, somos diretamente aguçados a prestar atenção maior nas letras, luzes e música. A “lição” de cada composição é apreendida com mais firmeza. É interessante ver que a apresentação foi segumentada nas durações originais das faixas, ou seja, elas não era emendadas. Parecia que cada música era um quadro em uma exposição, com significados diferentes, porém, um mesmo conceito que as unia.

Em resumo, foi uma apresentação para ficar na memória. Fãs antigos da banda puderam matar as saudades, assim como novos entusiastas puderam ficar surpreendidos e emocionados com um ótimo show. Que outras segunda-feiras como esta se repitam.

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ARTISTA: Placebo
MARCADORES: Show

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique