The Drums – Cine Joia, SP

Problemas de som atrapalham, mas banda não deixa de proporcionar uma ótima noite

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Fotos: Fabrício Vianna
Nota: 3.5

O calor resolveu dar um trégua na noite de ontem em São Paulo, anunciando a vinda de um dos nomes mais populares do Post-Punk Revival. O Cine Joia abriu as portas para uma quantidade razoável de fãs de The Drums terem a chance de ver se o novo disco Encyclopedia funcionaria ao vivo, já que sua versão em estúdio deixou a desejar. Sendo uma banda que possui referências diretas com a soturnidade do Post-Punk dos anos 80, não foi surpresa ver uma plateia composta tanto de fãs mais novos, quanto mais velhos, que viam na banda uma nova esperança de renovação de um gênero tão consagrado. Previsto para começar as 22, o show teve um atraso considerável de meia hora mas, quando o grupo subiu ao palco, os gritos estridentes do público mostraram que valeu a espera.

Logo no começo, The Drums já mostrou que tem preocupação com sua identidade musical, trazendo o máximo de equipamentos possíveis para que houvesse essa semelhança, entre os quais ressaltavam-se as várias guitarras e o monstruoso sintetizador. Mais três músicos acompanharam a dupla para preencher a falta de Connor Hanwick, integrante que saiu da banda há alguns anos. Entoando os acordes de Bell Laboratories e instaurando uma ambientação fria e soturna, os músicos puderam enfim começar seu show e, consequentemente, alguns problemas foram notados.

The Drums é uma banda que valoriza muito o reverb de seus instrumentos, responsável pela ótima recepção da crítica em seu disco Portamento, de 2011. Entretanto, como os instrumentos já estavam carregados com efeitos pré-defenidos, não se levou em consideração que o próprio Cine Joia acrescentaria um eco natural aos instrumentos. Portanto, o som acabou ficando um tanto quando embolado, ainda mais com um sintetizador tão poderoso quanto o que o tecladista usava. Em resumo, apenas as pessoas que conheciam de cor as músicas puderam identificar bem o que cada instrumento tocava, atrapalhando um pouco do desempenho da show.

Enquanto alguns possam chamar de charme, os integrantes não esboçavam muita reação. Um ocasional “Hello” e “Obrigado” de Jonny Pierce dava impressão de contato com o público, mas nada demais. Além disso, ele fazia passinhos de dança repetitivos que pareciam esboçar certo tédio. De qualquer forma, isso não atrapalhou a banda de fazer um show divertido e que abrangeu os três discos em parcelas quase iguais, sendo que a plateia pareceu mais empolgada quando clássicos como Let’s Go Surfing, Forever And Ever Amen e Money foram tocadas.

Seria uma noite melhor se fosse tomado um cuidado especial com o som, mas, de qualquer forma, The Drums conseguiu agradar os fãs que esperavam por seu retorno desde 2012, com a apresentação no Planeta Terra daquele ano. Suas músicas sempre ganham uma amplitude maior quando submetidas à uma iluminação correta e um público maior. Desta vez, não foi diferente.

Bell Laboratories
Let Me
Me and the Moon
Days
I Can’t Pretend
Kiss Me Again
Book of Stories
Best Friend
Money
U.S. National Park
Book of Revelation
Face of God
I Need a Doctor
I Hope Time Doesn’t Change Him
How It Ended

Bis

Forever and Ever Amen
Let’s Go Surfing
Down by the Water

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ARTISTA: The Drums
MARCADORES: Show

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique