Popload Festival (29 de novembro) – Audio Club, SP

Animação dos shows de The Lumineers e Metronomy marcaram a última noite do evento

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Fotos: Fotos por Fabrício Vianna
Nota: 4.0

Bem mais Pop que o dia anterior, a segunda noite do Popload Festival foi marcada por menos intempéries com o som e por shows extremamente animados e dançantes de The Lumineers e Metronomy e uma apresentação dramática de Cat Power.

A noite começou (pelo menos pra mim) com o show de Cat Power, segundo dela no festival, cobrindo o desfalque de Beirut, que cancelou de última hora sua vinda. Talvez ainda sentindo os ecos da noite anterior, Chan Marshall fez um show ainda mais irregular e que assumiu por diversas vezes um tom de desabafo. Lidando com seus próprios problemas e com os hormônios da gravidez (como fez questão de ressaltar algumas vezes durante os dois dias), a cantora se apresentou mais uma vez alternando entre piano e guitarra, e conduzindo um show intimista e com um repertório pontuado por faixas de seus antigos álbuns (Maria, Names e ”Make me Feel so Bad), além de alguns covers ((I Can’t Get No) Satisfaction).

Desconcertada, Chan terminava poucas de suas faixas e a todo momento pedia desculpas ao público. Frases como “Está uma merda, me desculpe” ou “Quem é meu amigo vai entender” foram entendidas entre o murmurar de seus desabafos ao microfone. Pouco antes do fim, Power, que parecia a ponto de chorar, começou a externar seus demônios para a plateia, falando sobre estar lidando com seus problemas, com a gravidez e com o próprio público que estava presente. O dramático discurso terminou com a frase “Cuide de você e das pessoas que te amam, e não de quem você ama”, dita pouco depois dela pedir para a produção desmontar o palco, pois não ia tocar mais nada. Um misto de surpresa e perplexidade tomava conta dos rostos da plateia quando Power deixou o palco.

Para acabar com o clima pesado da apresentação de Cat Power, The Lumineers levou ao palco do Audio Club um espetáculo incrivelmente animado e capaz de extrair sorrisos até da pessoa mais desinteressada. Com seu Folk “post-Mumford & Sons”, feito para ser assobiável e incrivelmente pegajoso, o grupo animou os fãs com faixas dançantes e eufóricas. Wesley Schultz e sua turma comandaram a festa que contou com uma participação bem expressiva da plateia, que sabia cantar grande parte das faixas.

É claro que os hits Ho Hey e Stubborn Love foram os pontos mais altos da apresentação, mas, além dessas, Dead Sea, Submarines e Big Parede (todas de seu disco homônimo lançado em 2012) também empolgaram bastante o público. O cover de Subterranean Homesick Blues, de Bob Dylan, e em especial a dobradinha Darlene e Flapper Girl, músicas em que Schultz e o baterista Jeremiah Fraites saíram do palco para tocar no meio da plateia, se mostraram bem potentes ao vivo e incrivelmente divertidas. Mais que um simples aquecimento para o headliner, o quinteto conseguiu mostrar a que veio e até mesmo conquistar com sua grande animação aquelas pessoas que não estavam ali para assisti-los.

O último show esteve a altura do fechamento do primeiro dia. Metronomy não só manteve a empolgação da apresentação anterior, como fez todo o Palco Principal dançar ao som de seu Indie Pop vibrante, transformado o Audio Club em uma pista de dança. O show se desenrolou com faixas recolhidas de seus quatro álbuns, mas com ênfase no recém-lançado Love Letters. E desse álbum vale a pena destacar a apresentação das faixas I’m Aquarius, Reservoir e The Upsetter como pontos altos. Ainda que não tão dançantes, elas serviram com um respiro, como um momento para os fãs recuperarem o folego antes de saírem dançando de novo.

Com muitos sintetizadores e as boas linhas de baixo Olugbenga Adelekan, que fizera um DJ Set no dia anterior, a banda colocou os fãs para se remexerem com faixas como Radio Ladio, The Look, The Bay, Side 2, Corine e Boy Racers (em uma versão bem mais animada que a do disco). A surpresa da noite ficou por conta do cover de Here Comes The Sun, do quarteto britânico The Beatles, cantado pelo tecladista Oscar Cash e acompanhado pela multidão a beira do público.

Mais uma vez, o festival foi fechado com saldo positivo e com muito mais acertos que erros. Alguns problemas técnicos da noite anterior foram resolvidos, outros persistiram, mas, de novo, nada que tenha prejudicado tanto a experiência do evento.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts