Allah-Las – SESC Pompéia, SP

Quarteto californiano trouxe a quente brisa de sua terra natal à fria noite paulistana

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Fotos: Rodolfo Yuzo/Discophenia
Nota: 3.5

Tenho que confessar que poucas vezes vi a Choperia do SESC Pompeia tão cheia. Com ingressos esgotados e alguns fãs desesperados por um deles do lado de fora recinto, o quarteto californiano Allah-Las comandou uma apresentação curta, porém certeira para um público bem animado na gelada noite de quinta-feira, 14, em São Paulo.

Se o clima fora do palco trazia ventos corantes e temperaturas na casa dos 17 °C, o grupo emanava uma aconchegante brisa praiana e um clima de veraneio com suas músicas. Por uma hora e pouco, foi como ser transportado para a bronzeada costa californiana durante os anos 60. Mesmo com tantos casacos, era quase como se todos estivessem curtindo o show em seus trajes de banho, prontos para entrar no mar assim que a apresentação terminasse.

Com um misto entre Surf Rock, Psicodelia e Garage Rock sessentista, as músicas do grupo eram daquelas que surtiam um efeito quase hipnótico no corpo das pessoas. Com melodias e harmonias tão ensolaradas, era impossível ficar parado enquanto o grupo tocava suas guitarras – o que também ajudava a espantar um pouco do frio que castigava a cidade. Seja só mexendo o corpo de um lado para o outro ou de fato entregando-se à dança, era impossível não seguir o ritmo daquelas músicas e, para todo lugar que se olhava, não se via ninguém parado.

O balanceado set foi composto de faixas dos dois álbum do grupo, Allah-Las e Worship The Sun, passando pelos dançantes singles, como Busman’s Holiday, Sandy, Sacred Sands, Follow You Down e Buffalo Nickel, e desaguando no hit Catamaran, que fechou a primeira parte da apresentação – antes do bis. Em sinergia com o público, o grupo pouco se comunicou com os presentes. Mas tudo bem, isso não era necessário. Banda e fãs já estavam entendendo-se muito bem musicalmente e isso já bastava.

Um dos pontos mais divertidos do show era ver como as músicas se tornavam jams. Caso de 501-415, que ganhou alguns minutos extras somente com os músicos brincando com seus instrumentos. Até mesmo o “sambinha californiano” Ela Navega teve sua duração estendida, exibindo um tempero a mais de brasilidade – o que trocou o balanço de um lado para outro por um tímido samba nos pés de alguns. Boa parte das músicas ganhava esse “tempinho a mais”, para poder crescer um pouco mais em relação ao que se vê nos registros de estúdio.

Se o show em si não fugiu tanto do esperado, a participação do público me chamou bastante a atenção – assim como os ingressos esgotados e os fãs desolados em busca de uma entrada. A maior reclamação, que ouvi de amigos e de outros presentes, foi quanto a curta duração da apresentação. De fato o show poderia ser um pouco mais longo, aquecendo um pouco mais essa fria noite de quinta-feira.

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ARTISTA: Allah-Las
MARCADORES: SESC Pompeia, Show

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts