Foo Fighters – Lollapalooza 2012

Em apresentação histórica, a banda aproveitou suas duas horas e meia de show para quitar todas suas dívidas com o público brasileiro e encerrar brilhantemente o primeiro dia do festival

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Fotos: UOL
Nota: 4.5

“There goes my hero” foi talvez o verso mais sincero cantado pelos milhares de fãs que lotaram o primeiro dia do festival Lollapalooza no Jóquei Clube de São Paulo. Dave Grohl é, para muitos que estavam lá, o que restou da última grande época do Rock, que foi o Grunge. Como baterista do Nirvana e hoje vocalista do Foo Fighters, ele é o heroi de todo aquele público que cresceu com Nirvana e Pearl Jam e aprendeu a gostar de clássicos como Led Zepellin e The Who, mas não chegou a ser apresentado ao Indie Rock mais atual.

Todo esse público, que durante 17 anos esperou para ver a banda ao vivo, teria lotado um Morumbi para vê-los e talvez não tivesse ofuscado as outras bandas do primeiro dia do Festival. Claramente, a grande maioria estava lá por causa do Foo Fighters e uma boa parte não estava nem ligando para qualquer outra banda que fosse tocar. Muito menos sabia que estava participando de um momento histórico que foi a primeira edição do clássico festival americano no país, que até poucos anos atrás, era ignorado pelo próprio filho Rock in Rio.

Já o Foo Fighters sabia sim onde estava se metendo. Após um 2011 sem folga, com gravação de um novo álbum considerado por muitos um dos melhores, senão o melhor álbum, de toda a carreira da banda, gravação do documentário Back and Forth, lançamento da biografia de Dave Grohl e uma turnê feita na garagem de alguns fãs sortudos, os cinco músicos chegaram ao Brasil com o título de uma das maiores bandas da atualidade e não decepcionaram.

Como de costume, abriram com All my life, canção que a banda assumidamente mais gosta de tocar ao vivo. Times Like These veio em seguida, também cantada com toda a sinceridade pelos fãs: “em momentos como estes aprendemos a viver de novo”.

Em Rope, veio talvez um dos únicos momentos mornos do show. Para quem tem acompanhado de perto a trajetória recente da banda, assistiu ao documentário que conta todo o processo de gravação deste último álbum e sabe direitinho o que cada música significa para cada um deles, esperava algumas músicas de Wasting Light e aguardava o momento de cantar Rope com todas as forças, mas não foi o que aconteceu. De maneira alguma isso ofuscou a apresentação e inclusive é muito justo que para quem esperou anos para ouvir canções como Big Me, Everlong e Learn to Fly, as músicas novas e talvez ainda não assimiladas por boa parte dos fãs tivessem que ficar para uma próxima vez. Fica então, a vontade de assistir a algum show da turnê de Wasting Light pelo mundo.

A dupla Dave Grohl e Taylor Hawkins, como sempre, roubou a cena. O baterista se emocionou ao ser apresentado a todos, trocou de lugar com Dave Grohl iniciando um dos momentos mais históricos da apresentação e ainda encenaram toda uma discussão no backstage antes do Bis, onde Dave fingia querer tocar poucas músicas e Taylor incendiava a multidão querendo tocar até não aguentarem mais.

Um último ponto alto, de um show que teve poucos, ou quase nenhum baixo, foi a participação de Joan Jett, musa de uma geração do Rock, que veio para tocar Bad Reputation e I love Rock’n Roll com direito a comentários do tipo “que demais, eles estão tocando Britney Spears” dos fãs mais novos.

O Foo Fighters sempre foi grande, mas desde o ano passado, vem abraçando outros nichos de público que talvez ainda não entendessem a importância da banda para o cenário do Rock mundial. Talvez fosse o caso de terem feito então um mega show com estádio lotado, mas será que as atrações do sábado segurariam aquela quantidade de público? Todas essas perguntas não estavam passando pela cabeça dos fãs presentes naquela noite. Para eles, após assistir a um show que contemplou momentos de todas as melhores fases da banda, fica a lembrança de um dos melhores momentos musicais que já presenciaram.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.