Adolescentes histéricas disputando espaço para ver de perto uma banda de meninos bonitos que fez uma das músicas mais tocadas e vendidas no mundo em 2011. Talvez, esse cenário pudesse parecer na mente de alguns totalmente alheio à imagem Indie/Rock do Lollapalooza, mas foi exatamente o que aconteceu na noite do segundo dia. E, não estranhe, a Foster the People fez um dos melhores shows do festival.
A popularidade dos rapazes tem muito menos a ver com seu visual (como alguns teimam em insistir), mas em sua capacidade de criar hits musicalmente ricos e de fácil degustação e propagação. Pumped Up Kicks, a tal música de 2011, está aí para provar justamente isso, ainda que não tenha sido – nem de longe – a mais empolgante do show.
Com um público fiel que se amontoou já horas antes em frente ao palco Cidade Jardim, a banda começou sua apresentação com Houdini já revelando seus muitos timbres e a pluralidade de Mark Foster, vocalista, multi-instrumentista e arrancador de berros histéricos das fãs. Quem parece conhecer mais tanto seu talento, quanto seu apelo com as meninas é ele mesmo, que desfila pelo espaço com a mesma confiança que comanda guitarra, sintetizadores, teclado e percussão.
Miss You, a segunda canção, surpreendeu com uma pesada carga eletrônica acompanhada de uma iluminação caprichadíssima. Você não precisava conhecer (ou mesmo curtir) muito da banda para aproveitar o momento e dançar à vontade. Torches, o primeiro álbum do trio, foi tocado integralmente, assim como as menos conhecidas Broken Jaw e Love – que é bem fraquinha e, consequentemente, foi o ponto mais baixo e único deslize de um show que soube se manter sempre lá em cima.
A sequência Call it What You Want e Colors on the Wall (Don’t Stop) foi a que melhor mostrou o potencial dos rapazes tanto como performers quanto como hitmakers. O óbvio encerramento com Helena Beat e Pumped Up Kicks ganhou ares de novidade com uma espécie de remix feito ao vivo dessa última, enquanto Mark Foster enlouquecia os seguranças ao se aproximar demais dos fãs, o que culminou com o músico de pé junto à grade no centro da plateia, posando como um herói pop ao som ensurdecedor que vinha do público.
O recado que parecia dado era da consagração definitiva da música Pop como um gênero que pode ser levado a sério – e que precisa ser repensado por aqueles que teimam em chamar a banda de Indie só por ter uma desculpa para ouvir os hits da Foster the People. É música bem feita feita para ser ouvida pelas massas – e nada poderia ficar mais claro do que dezenas de milhares de pessoas dançando juntas aos hits que ouviram no rádio em ótimas performances ao vivo.